O Maio Amarelo é uma campanha que chama a atenção para a segurança no trânsito, mas também nos convida a refletir sobre outros fatores que colocam nossa saúde em risco, inclusive fora do volante. Entre eles, a obesidade se destaca como uma condição que vai além das doenças metabólicas. Ela impacta diretamente a mobilidade, a qualidade de vida e a segurança de quem está nas ruas diariamente, seja dirigindo, caminhando ou pedalando.
Afinal, um corpo que sente dor, que está limitado nos movimentos ou que sofre com fadiga constante, responde mais lentamente a estímulos, tem menos estabilidade e enfrenta maior risco de acidentes, especialmente no trânsito urbano.
Obesidade e mobilidade: um risco silencioso nas ruas
Embora muitas vezes associada apenas a problemas cardíacos ou diabetes, a obesidade tem efeitos profundos sobre o sistema musculoesquelético. E esses efeitos não apenas reduzem a autonomia, como também aumentam a vulnerabilidade a lesões e quedas, inclusive em contextos relacionados ao trânsito.
Seja ao descer do carro, subir no ônibus, caminhar por calçadas irregulares ou reagir rapidamente a uma situação de perigo no volante, a mobilidade preservada é um fator de proteção. Por isso, entender como o excesso de peso afeta as articulações é essencial.
À medida que o corpo acumula gordura, as articulações precisam suportar uma carga extra para a qual não foram projetadas. O impacto é ainda maior em regiões como joelhos, tornozelos, quadris e coluna lombar, estruturas fundamentais para a estabilidade e o equilíbrio corporal.
Veja alguns dos principais efeitos ortopédicos causados pelo excesso de peso:
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Sobrecarga nas articulações: Cada quilo a mais representa esforço adicional. Isso acelera o desgaste da cartilagem, favorecendo o surgimento de doenças como a artrose.
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Dores na coluna: O acúmulo de gordura abdominal altera o centro de gravidade, exigindo mais da região lombar e contribuindo para hérnias de disco, compressões nervosas e inflamações.
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Desequilíbrios posturais: O corpo tende a compensar o peso extra com posturas incorretas, que provocam dores musculares, rigidez e maior risco de quedas.
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Desgaste precoce: Atividades simples como dirigir, caminhar ou subir escadas passam a ser desafiadoras. A longo prazo, isso pode levar à necessidade de cirurgias ortopédicas.
Obesidade no trânsito
Pouco se fala sobre isso, mas a redução da mobilidade, comum em pessoas com sobrepeso ou dor crônica, pode ser um risco. Em situações cotidianas, como manobrar o carro, olhar os retrovisores ou sair rapidamente do veículo, ter amplitude de movimento e controle corporal faz diferença.
Além disso, pessoas com dor crônica tendem a adiar cuidados, reduzindo a prática de atividades físicas. Isso compromete ainda mais o controle muscular, o equilíbrio e a resistência física, pontos críticos tanto na prevenção de acidentes quanto na recuperação pós-trauma.
Por isso, o tratamento da obesidade deve ser multidisciplinar. Para além de um endocrinologista, nutricionista e psicólogo, é importante contar com:
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Ortopedistas, que avaliam as articulações e tratam desgastes, deformidades ou limitações.
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Fisiatras, que coordenam a reabilitação com foco funcional, orientando exercícios seguros e ajustando o plano terapêutico.
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Fisioterapeutas, que trabalham diretamente no alívio da dor, correção postural e fortalecimento muscular.
Esse cuidado conjunto reduz dores, melhora a postura e devolve segurança aos movimentos, seja no trânsito ou em qualquer rotina diária.
Mais do que uma campanha de trânsito, o Maio Amarelo é um convite para olharmos com mais atenção para a forma como cuidamos do corpo em movimento. A mobilidade segura começa com escolhas diárias: reconhecer os sinais do corpo, buscar ajuda especializada e adotar hábitos que preservem sua autonomia. Se você sente que algo está limitando seus passos, seus reflexos ou sua qualidade de vida, não ignore e agende uma consulta. Cuidar de si também é um ato de prevenção. A saúde do seu corpo é parte fundamental da sua segurança!