O pé humano é um elemento estrutural de suporte e primordial na locomoção e postura corporal. A sua estrutura anatômica pode apresentar diversas formas e comportamentos, variando de pessoa para pessoa. 

Embriologicamente, o pé desenvolve-se entre as 4 e as 8 semanas de gestação e o seu crescimento termina antes do resto do corpo. Aos 18 meses de vida já atingiu cerca de metade do comprimento total, e até ao início da adolescência atinge o seu desenvolvimento completo.

Este fato obriga a substituições frequentes de calçado, para acompanhar o crescimento rápido durante a infância.

Congenitamente, o pé pode evoluir com malformações anatômicas, e dada a função que exerce no dia a dia, é alvo de solicitações mais ou menos severas, que podem conduzir ao aparecimento de lesões e deformidades. 

Embora algumas das lesões e deformidades apenas possam ser corrigidas por tratamento médico adequado, que pode envolver o recurso a cirurgia, parte delas pode ser atenuada ou mesmo evitada se forem tomados procedimentos e comportamentos adequados no cotidiano. 

A escolha adequada do calçado é um dos exemplos, mas a solução pode passar pela utilização de dispositivos biomecânicos indicados para cada situação.

Mas primeiro vamos entender o que é o pé plano!

Anatomicamente, o pé tem um arco natural que apoia o peso do corpo ao andar ou correr. 

O pé plano, também conhecido por “pé chato”, apresenta uma grande área de apoio, ou seja, quase toda a palma do pé entra em contato com o solo e há ausência ou diminuição do arco plantar e nesta situação, a carga é mais localizada na parte de dentro do pé.

Existem dois tipos de pé plano:

• Pé plano flexível: o arco pode ser visto quando o pé não está a suportar peso, isto é, existe a curvatura na planta do pé que apenas é visível quando o paciente levanta os calcanhares e apoia o peso nas pontas dos pés.

• Pé plano rígido: o arco não está presente completamente,, mesmo suportando o peso nas pontas dos pés.

E também existe o pé cavo, que apresenta um arco bem mais elevado tendo uma menor área de apoio, ficando a distribuição das pressões no calcanhar e nos metatarsos. Nesta situação é mais solicitada a parte externa do pé, limitando assim os movimentos articulares.

Sintomas

A maioria das pessoas não apresenta sinais ou sintomas associados com pés planos, mas existem casos onde algum sinal ou sintoma começa a se desenvolver, especialmente quando existe diagnóstico em idade tardia. Muitas crianças conseguem realizar a correção atempadamente. Abaixo, listamos alguns sintomas do pé plano:

• Dor ou sensibilidade na planta do pé, tornozelos ou pernas;
• Calcanhares e tornozelos que inclinam internamente;
• Mudanças na forma de andar;
• inchaço nos pés ou tornozelos;
• Sensação de rigidez no pé.

Diagnóstico e tratamento

É muito importante que o paciente tenha o diagnóstico o mais rápido possível, pois o pé plano pode provocar algumas complicações como problemas em tendões, tornozelos, joelhos, pernas, por isso, como:

• Artrite no tornozelo;
• Artrite no pé;
• Fascite plantar;
• Tendinites do tendão de Aquiles;
• Joanetes e sobrecarga da articulação do 1º dedo;
• Rigidez nas articulações;
• Metatarsalgias;
• Entorses de tornozelo.

O pé plano poderá ser diagnosticado através de exames físicos e análise da história clínica de cada paciente.

Em alguns casos, poderão ser recomendados exames de imagem como radiografia ou raio-x para determinar a extensão da deformidade, uma tomografia fornece mais detalhes sobre a malformação do pé e uma ultrassonografia também poderá ser recomendada na suspeita de danos maiores a algum tendão.

Se os pés planos causarem desconforto e dor, então poderá ter a indicação de uso de palmilhas e órteses com o objetivo de compensar ou corrigir os desvios do calcanhar e promover a formação do arco plantar. 

Promover o caminhar descalço em pavimentos irregulares para realizar o reforço da musculatura do pé.

A fisioterapia é um excelente recurso, além de garantir o reforço muscular, treinar o equilíbrio, previne e trata a instabilidade do tornozelo.

Dependendo da causa e da dor que o paciente sente, o uso de analgésicos e antiinflamatórios poderão ser indicados, já que o pé plano pode provocar dor ou inflamação nos pés e tornozelos. A cirurgia é indicada apenas em último recurso e em casos mais graves.

Fique sempre atento aos seus movimentos e aos movimentos dos seus filhos.

Algumas vezes o pé chato pode ser a manifestação de alguma doença ou patologia, por isso é importante sempre a avaliação de um médico especialista para certificar a natureza do problema.

O desenvolvimento dos membros inferiores da criança deve ser motivo de preocupação para os pais em casos de dor constante ou deformidades aparentes ou progressivas.

Se for observada perda da curvatura dos pés, principalmente por volta dos 8 ou 9 anos de idade, a criança deve ser avaliada por um especialista em ortopedia pediátrica, combinado?

Todo cuidado é pouco!

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